Quem tem esperança sabe esperar. Mas esta espera não é uma espera resignada, não é a espera do milagre. Não é a espera a partir da imobilidade.
É uma espera do movimento, da tática, da busca, da contestação e do combate.
Onde a exclusão está posta, a esperança surge e questiona: quem disse que tenho que aceitar passivamente a exclusão sem contestar?
Onde o preconceito aparece, a esperança questiona: por que uns são mais iguais que outros?
Onde a concentração de renda é determinada por uma minoria, a esperança surge e questiona: que história é esta de manter a desigualdade pelo poder e pelo interesse de uma minoria?
Onde a opressão é coordenada pelo analfabetismo e pelo salário de fome dos professores, a esperança questiona: quem são vocês, minoria poderosa, que pensa que poderá oprimir sem resposta?
Onde os poucos donos dos latifúndios optam pelo pasto para o gado, ignorando a fome da população, a esperança questiona: quem são vocês que ignoram o movimento do campo?
Onde a violência institucional age sem repressão, a esperança questiona: quem são vocês que ignoram o descrédito nas instituições?
Onde a monocultura dos eucaliptos assume o espaço da agricultura de sustento com as benesses dos poderosos, a esperança questiona: quem são vocês que debocham da seriedade de quem defende o respeito à agricultura de alimentos?
Onde se joga aos quatro ventos que todos têm preço, a esperança responde: quem são vocês que tratam as pessoas como mercadoria e que ignoram que quem tem princípios não tem preço?
Onde inocentes são mortos em nome da democracia, a esperança responde: quem são vocês que, em nome da "democracia", fazem a limpeza étnica, se apropriam das riquezas dos países, matam inocentes e justificam a matança! Esquecem que quem tem esperanças também tem fome de justiça?
Onde o descompromisso passou a fazer parte das relações, a esperança ataca: tem compromisso quem tem fé na humanidade, que busca na esperança o caminho para mudanças, que sabe que os poucos que dominam não são os donos do mundo e que podemos realizar as mudanças, quando a esperança avança contra o imobilismo, quando transforma a apatia em indignação e a indignação em luta.
A esperança aponta o caminho, porque este é o espaço de resistência que os oprimidos devem ocupar para garantir direito à dignidade.
Maria da Graça M. G. Türck
Nenhum comentário:
Postar um comentário